Por que ainda não incluímos todas as crianças com deficiência?
A inclusão dos alunos com deficiência é um desafio para profissionais e instituições por todo o País
Publicado em 31/01/2018 15:53 - Atualizado em 31/01/2018 17:54
Alunos com deficiência tem direito de acompanhar os estudos no mesmo ritmo da sua turma
Alcançar os níveis desejáveis de proficiência é um grande desafio para a Educação Brasileira nos próximos anos, diante dos índices alarmantes apresentados pela Avaliação Nacional da Aprendizagem. Paralelamente, avançar na questão da inclusão de alunos com deficiência é outro dilema que aflige profissionais e instituições de todo o país.
Conforme preconiza o Plano Nacional de Educação (PNE), estudantes entre 4 e 17 anos deveram estar na escola e encontrar ali um espaço planejado e adequado às suas necessidades. Uma realidade que estamos longe de alcançar, em se tratando especialmente de pessoas com deficiência.
Nem mesmo o Governo Federal dispõe de dados que permitam mensurar a quantos cidadãos nesta faixa etária tem sido negado esse direito.
Em uma reportagem recente, O Estado de São Paulo (leia matéria completa aqui) demonstra que “As barreiras para a inclusão, no entanto, não se referem apenas à questão dos dados. Um dos aspectos de uma Educação com perspectiva inclusiva é assegurar o direito desses alunos estudarem em classes comuns, isto é, todos aprendendo juntos, sem distinção entre estudantes com e sem deficiência.”
A pesquisadora da Unicamp, Maria Teresa Mantoan, explica na reportagem a importância do acesso a classes comuns: “Com classes exclusivas para alunos com deficiência, há uma diferenciação e isso já é discriminatório.”
Entretanto, ainda que garantido pela lei, o Brasil ainda enfrenta dificuldades no acesso dos alunos ao Atendimento Educacional Especializado (AEE(. De acordo com o Observatório do PNE e dados do Censo Escolar da Educação Básica, em 2013, apenas um terço dos alunos estavam matriculados em turmas com atendimento especializado. Tal situação se soma à falta de profissionais capacitados a oferecer o suporte necessário.
Para Maria Teresa, além do investimento prioritário em formação continuada e contratação de professores habilitados ao AEE, é necessário iniciativa contra a diferenciação devido a uma deficiência. “Ensino de qualidade é aquele acessível a todos. Isso não significa dar uma educação diferente para alunos que estão na mesma sala. Uma atitude dessa, seja com currículo adaptado ou objetivos escolares adaptados e mais facilitados são diferenciações que geram exclusão”, afirma.
A especialista enfatiza que romper com rótulos de diferença pode reverter a forma de tratamento das escolas em relação às pessoas com deficiência. “O principal desafio é romper as barreiras colocadas entre a proposta da escola para o aluno com deficiência e o próprio estudante. Se eles forem considerados como alunos e não como “diferentes”, a escola será levada a atendê-lo. A universalização do ensino e a inclusão deve ser colocada na perspectiva de que todos somos diferentes de alguma forma. Portanto, devemos ter respeitado o direito de estudar em uma escola para todos."
por Amigo Micro